quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O 40º dia de julgamento do Mensalão.

Ao longo das 40 sessões até agora, os ministros reafirmaram conceitos e valores sobre democracia, exercício do poder e cidadania.
Mensalão: um dos maiores escândalos políticos da história recente do país. relembre alguns momentos marcantes de quase três meses de julgamento. São frases e confrontos que entraram para a história jurídica e política do país.
Dentre os sete réus está Valdemar Costa Neto / José Cruz/ABr
Até agora, foram 40 sessões de julgamento. Os ministros concluíram que o mensalão, como ficou conhecido o esquema de compra de votos de parlamentares, existiu. Ao analisar as provas e discutir a participação dos acusados houve muitos embates entre os ministros e também lições de ética para os brasileiros.
Ao longo das 40 sessões até agora, os ministros reafirmaram conceitos e valores sobre democracia, exercício do poder e cidadania. “O que se rejeita, no entanto, é o jogo político motivado por práticas criminosas perpetradas à sombra do poder. Isso não pode ser tolerado, não pode ser admitido”, disse o ministro Celso de Mello.
“Corrupção significa não que alguém foi furtado, mas significa que uma sociedade inteira foi furtada, por uma escola que não chega, pelo posto de saúde que não se tem, pelo saneamento básico, que centenas de cidades não têm, exatamente pelo escoadouro dessas más práticas”, afirmou a ministra Cármen Lúcia.

“O que estamos aqui julgando é um modo espúrio, delituoso, de fazer política. A política é a mais importante atividade humana no plano coletivo. Deus no céu e a política na terra”, ressaltou o ministro Carlos Ayres Britto.

Desde o início do julgamento do mensalão, o relator e o revisor do processo protagonizaram as discussões mais inflamadas em plenário.
“Me causa espécie, Vossa Excelência se pronunciar pelo desmembramento do processo quando poderia tê-lo feito há seis, oito meses”, disse o relator Joaquim Barbosa.
“Me causa espécie que Vossa Excelência eventualmente queira impedir que eu me manifeste”, rebateu Ricardo Lewandowski.

Os debates entre os ministros trouxeram definições contundentes “Agentes públicos que se deixam corromper, são eles corruptos e corruptores, os profanadores da República”, disse Celso de Mello.

Desde o início, já havia uma condenada: a corrupção. “Padre Antônio Vieira dizia: ‘Os governadores gerais chegam pobres às índias ricas e retornam ricos das índias pobres’”, citou Ayres Britto.

As metáforas foram aliadas dos ministros para falar sobre os crimes em julgamento. “Entidade bancária serviu de verdadeira lavanderia de dinheiro”, apontou Marco Aurélio Mello.
“O dinheiro é para o crime o que o sangue é para a veia. Se não circular com volume e sem obstáculo, não temos esquemas como esse”, disse Cármen Lúcia.

Durante o julgamento, o ministro Celso de Mello disse que os atos de corrupção deviam ser condenados e punidos com o peso e o rigor da lei, porque esses atos afetam o cidadão comum, privando-o de serviços essenciais, colocando-o a margem da vida.

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