segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O 39º dia de julgamento do Mensalão.

Supremo condena Dirceu e mais 9 por formação de quadrilha no mensalão.
Na conclusão do último capítulo do mensalão, o STF (Supremo Tribunal Federal) condenou nesta segunda-feira o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), homem forte do início do governo Lula, e mais nove réus por formação de quadrilha.

A maioria dos ministros entendeu que os integrantes do esquema se reuniram com o objetivo de comprar apoio político no Congresso nos primeiros anos do governo Lula (2003-2010), tendo desviados recursos públicos que foram misturados a empréstimos fictícios. Essa prática foi realizada por um grupo criminoso era formado por integrantes dos três núcleos --político, publicitário e financeiro.

Por 6 votos a 4, além de Dirceu, foram condenados: ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares, o empresário Marcos Valério, seus sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, sua funcionária Simone Vasconcelos, além de réus ligados ao Banco Rural Kátia Rabello e José Roberto Salgado.


Votaram nesse sentido: Joaquim Barbosa, relator, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e Carlos Ayres Britto.

Ele rebateram os argumentos dos ministros Ricardo Lewandowski, Rosa Weber, Cármen Lúcia e Dias Toffoli, que não viram a formação de uma quadrilha, mas coautoria. Esses ministros defenderam que foi configurada coautoria, união feita em dado momento, para cometer um crime específico --no caso, compra de apoio político.

Nessa avaliação, o grupo de Dirceu se uniu no início do governo Lula com o objetivo único de corromper parlamentares em troca da fidelidade da base aliada.

Os ministros ainda absolveram Ayanna Tenório, ex-vice-presidente do Banco Rural, e Geiza Dias, ex-funcionária do empresário Marcos Valério, dos crimes de que eram acusadas no mensalão. Eles deixam indefinida por conta de empate a situação de Vinicius Samarane, ligado ao Rural. A tendência é que ele seja beneficiado com a absolvição.

Os ministros devem começar a partir de amanhã a definir o tamanho das penas dos condenados. Depois de quase três meses e 39 sessões do maior julgamento de sua história, foram 25 punidos por crimes como peculato, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e quadrilha. Também tiveram nove pessoas absolvidas e a configuração de sete empates.

O julgamento do mensalão - 13 ª semana



Ministros Ayres Britto, Marco Aurélio Mello, Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes e Gilmar Mendes e Luiz Fux entrando no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF)
VOTOS
Último a votar na sessão de hoje, o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, disse que a paz pública é essa sensação subjetiva e que o povo nutre confiança no Estado. "O trem da ordem política não pode ficar sob ameaça de descarrilamento".
O decano do STF, Celso de Mello, disse que essa quadrilha se formou na "cúpula do poder" e foi "um grave atentado às instituições" da democracia. Para o ministro, os crimes do mensalão foram comentidos por um "grupo de delinquentes que degradou a atividade política transformando-as em plataformas de ações criminosas" e "representaram um dos episódios mais vergonhosos da história política do país".
Mello disse que, em seus 44 anos de atuação no meio jurídico nunca encontrou "um caso em que o delito de formação de quadrilha se apresentasse tão nitidamente caracterizado".
Relator do caso, Joaquim Barbosa disse que a "prática de formação de quadrilha por pessoas que usam terno e gravata traz um desassossego que é ainda maior dos que consagram a prática dos crimes de sangue".
Para a ministra Cármen Lúcia, a acusação não provou que foi caracterizado o crime de quadrilha. "Não me parece que tenha havido a comprovação pelo Ministério Público Federal de que houve uma associação para específica finalidade de práticas de crimes", disse.
Em seu voto, Lewandowski, que é revisor, disse ainda que o Ministério Público fez uma "miscelânea", ao misturar conceitos diferentes do direito penal, considerando-os todos como a mesma coisa.
Ele disse, por exemplo, que a Procuradoria se referiu aos réus do mensalão, entre a denúncia e as alegações finais, por 96 vezes como uma "quadrilha" e outras 55 vezes como "organização criminosa", o que para ele são imputações diferentes.
"Essa miscelânea conceitual enfraqueceu de sobremaneira as acusações, em especial contra José Dirceu."
A formação da quadrilha tem um efeito simbólico, mas é o crime com a menor pena, que varia de 1 a 4 anos de prisão, sendo o delito com maior chance de prescrever, pois se a pena final for menor ou igual a dois anos, teria ocorrido em 2011.

José Dirceu

O ex-ministro José Dirceu cercado de militantes e seguranças ao votar na eleição para prefeito em São Paulo. Militantes gritaram palavras de incentivo a Dirceu e chegaram a agredir jornalistas
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Em voto relâmpago, Toffoli absolve Dirceu e mais 12 de formação de quadrilha.
Num voto relâmpago, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) José Antonio Dias Toffoli votou nesta segunda-feira para inocentar os 13 réus do mensalão acusados de formação de quadrilha, entre eles o ex-ministro José Dirceu, seu ex-chefe.

Toffoli explicou aos colegas que divulgaria um voto escrito, mas que se limitaria a acompanhar o voto do revisor, Ricardo Lewandowski, pela absolvição dos réus. O voto do revisor também foi seguido pelas ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia.

Além de Dirceu, os quatros ministros consideraram inocente o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares, o empresário Marcos Valério, seus sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, sua funcionária Simone Vasconcelos, além de réus ligados ao Banco Rural Kátia Rabello, Vinicius Samarane e José Roberto Salgado.

Os ministros Joaquim Barbosa e Luiz Fux votaram pela condenação desses réus. Os seis ministros votaram para inocentar Ayanna Tenório e Geiza Dias, formando maioria pela absolvição.

TESES

No julgamento, os ministros estão divididos em duas teses. Na linha do revisor, entendem que nesse esquema não configurou quadrilha, mas coautoria, união feita em dado momento, para cometer um crime específico --no caso, vender apoio político.
Já o relator, Joaquim Barbosa, aponta que eles se juntaram para cometer os crimes reconhecidos pelo Supremo, com desvio de recursos públicos, que misturados a empréstimos fictícios, foram usados para a compra de apoio político nos primeiros anos do governo Lula.
No julgamento, Toffoli votou pela absolvição de Dirceu da acusação de corrupção ativa, mas o petista foi condenado pela maioria dos ministro do STF.

PASSADO
Toffoli advogou para o PT nas eleições de 2002 (quando Dirceu era o coordenador da campanha de Lula), foi assessor jurídico da liderança do PT na Câmara entre 1995 e 2000 e ocupou o cargo de subchefe jurídico da Casa Civil até julho de 2005, logo após a queda de Dirceu.
Além disso, o ministro namora a advogada Roberta Rangel, que participou da defesa de um dos réus petistas no processo em julgamento.

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